sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O blogue anda moribundo, é fácil de ver. Não o vou declarar morto, não se trata disso. Fui educado, bem ou mal, que existem na vida situações nas quais o mais inteligente é não dizer (escrever) nada. Julgo ser possível manter um blogue sem nada de relevo ter para contar - criando empatia com outros amontoando um conjunto de referências mais ou menos supérfluas (fotografias, transcrições, etc.). É possível, sim, interessante q.b., mas cedo ou tarde aborrece. Isto, um blogue, para mim, é um plano de evasão (roubando o título a Casares) - desgosta-me e desgasta-me se for mais que isso. Aprecio quem tem a dizer o que tem a dizer e se cala (penso em Salinger, lembro os longos períodos de hibernação de Malick.) A verdade é que não ando capaz de mexer, capaz de jogar com as palavras da maneira que queria. Nesse estado, o mais inteligente é mesmo não dizer nada. É o melhor e o mais honesto.

(The New York Times, 1977)
* Não sei se já repararam: a edição nacional de Revolutionary Road não tem foto alguma de Richard Yates. Estas minudências afectam-me muito muito.
AMISTAD:
/58/
Hoje vim aqui para pedir que me fritassem alguns camarões que trazia no bolso. Esperaria sentado no patamar que os trouxessem, porque não estavas. Não consegui falar. Alguém entreabriu a porta e a fechou logo abruptamente; nem sequer lhe vi a cara. Sabes que onde vivo não há portas nem janelas. A qualquer hora poderás ir lá para um desabafo, uma notícia que tu queres dar-me, te encoleriza ou alegra. Juro-te que não tornarei a tocar a campainha de tua casa.
("Albas", Sebastião Alba, Quasi, página 116)
Hoje vim aqui para pedir que me fritassem alguns camarões que trazia no bolso. Esperaria sentado no patamar que os trouxessem, porque não estavas. Não consegui falar. Alguém entreabriu a porta e a fechou logo abruptamente; nem sequer lhe vi a cara. Sabes que onde vivo não há portas nem janelas. A qualquer hora poderás ir lá para um desabafo, uma notícia que tu queres dar-me, te encoleriza ou alegra. Juro-te que não tornarei a tocar a campainha de tua casa.
("Albas", Sebastião Alba, Quasi, página 116)
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
lembrete: April 14
Tuba-voiced depressive Bill Callahan used to call himself Smog, but he's been going by his given name ever since 2007's Woke on a Whaleheart. That change in moniker was supposed to signal a transition to happier music (or, at least, to less cripplingly bitter music), but in the time since Whaleheart, he broke up with Joanna Newsom, and now she's going out with fucking Andy Samberg.
So we'll see just how committed to positivity Callahan still is on April 14, when his longtime label Drag City releases Sometimes I Wish We Were an Eagle, Callahan's second album under his government name. That grammatically convoluted title makes its own kind of sense. Eagles, after all, don't generally have to worry about losing their girlfriends to sketch comics.
...
entrementes:
So we'll see just how committed to positivity Callahan still is on April 14, when his longtime label Drag City releases Sometimes I Wish We Were an Eagle, Callahan's second album under his government name. That grammatically convoluted title makes its own kind of sense. Eagles, after all, don't generally have to worry about losing their girlfriends to sketch comics.
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entrementes:
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