domingo, 31 de maio de 2009

quarta-feira, 27 de maio de 2009

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Não lembro a razão, está misturada com outras tantas histórias e esquecimentos menores de infância, mas um catalão (amigo do meu velho) ofereceu-me uma camisola do Laudrup era eu miúdo. À camisola juntou-se Romário (imenso Romário), Stoichkov, este mesmo Guardiola e aquele sempre encantador egocentrismo de Johan Cruyff*. Opor-me à ideia de ser do Barça ficou nítida e drasticamente impossível. É bom não cair na palermice: pode-se gostar pouco ou nada do Barcelona, do que representa, ou mesmo de Tom Henning Øvrebø (atente-se no preciosismo aqui demonstrado); não se pode é não gostar daquele cordão umbilical que liga a bola a Messi, Xavi, Iniesta e companhia restante. Um que dá a bola, outro que a recebe; joga-se a 11 como se ensina a jogar futebol de cinco. Que alívio, que paz, ninguém jogava tão lindo há muito tempo.

* "There is a development in football currently in which the most creative players - and that's mainly forwards - are the ones who have to run the most. In a team that plays defensively, the distance to goal for an attacker quickly becomes 50 metres. Defenders have to work less because of that and attackers have to run more. Because I play attacking football, my attackers only have to run 15 metres, unless they're stupid or sleeping. That's why I'd like to have Van Basten. I think i'm not your average trainer. I say don't run so much. Football is a game you play with your brains. You have to be in the right place at the right moment, not too early, nor too late. When my attacker is one-against-one, I always say: "let him do it himself". Then the players say: "aren't we going to help him?". And I answer: "In the first place, there's a large chance you'll get in his way, and secondly, as a second attacker you'll take a second defender with you and two-against-two is harder than one-against-one"."

Nieuwe Revu
February 1989

("Ajax, Barcelona, Cruyff: The ABC of an Obstinate Maestro", Frits Barend e Henk van Dorp, 1997, Bloomsbury, pág. 106 e 107)

terça-feira, 26 de maio de 2009

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* "Who is the Renee French actress in Coffee and Cigarettes?". Ao fim de apurada discussão: "Also, I don't think she'll go out with any of us so let's just respect her mystique and leave her alone."

domingo, 24 de maio de 2009

Walt Whitman's Niece



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Last night or the night before that,
I won't say which night
A seaman friend of mine,
I'll not say which seaman,
Walked up to a big old building,
I won't say which building,
And would have not walked up the stairs,
not to say which stairs,
If there had not been two girls,
leaving out the names of those two girls.

I recall a door, a big long room,
I'll not tell which room,
I remember a deep blue rug,
But I can't say which rug,
A girl took down a book of poems,
not to say which book of poems,
And as she read, I lay my head,
and I can't tell which head,
Down in her lap, and I can mention which lap

My seaman buddy and girl moved off
after a couple of pages and there I was,
All night long, laying and listening
and forgetting the poems.
And as well as I could recall
or my seaman buddy could recollect,
My girl had told us that she was a niece,
of Walt Whitman, but now which niece,
And it takes a night and a girl
and a book of this kind
A long long time to find its way back

quinta-feira, 21 de maio de 2009

João Bénard da Costa



"
(...)
Há mais de cinquenta anos, JOHNNY GUITAR chegou a Portugal em Janeiro de 1955 e o seu culto só começou nos finais dos anos 50. Os textos citados são de 1959. Mas assim se escrevia no anos 50, no tempo de JOHNNY GUITAR, nos tempos em que Belmondo louvava a baby-sitter que tinha ido ver o filme: "Il faut qu'elle se cultive". Hoje, como se escreve? O que se aprende? Aprende-se, por exemplo, que, quando Sterling Hayden pergunta a Joan Crawford "How many men have you forgotten?", Crawford não lhe responde com outra pergunta "How many women do you remember?" mas lhe pega na palavra e diz "As many as you remember". Ou será: "As many as you. Remember?".
(...)
"Só recordam aqueles que confidenciam, a recordação é uma arte que arranca da solidão e do silêncio", escrevi há quarenta e muitos anos, sem ainda saber ler nem escrever. Hoje, que tinha obrigação de saber mais, só posso repetir que esta arte recordatória, este filme mítico, este filme-mito (tão, tão diferente da memória) arranca também daí: da solidão e do silêncio.
Trinta anos depois, ou quase - também - Nicholas Ray destruído, cego dum olho, com o cabelo todo branco, tão e tão magro, veio dizer-nos (We Can't Go Home Again) que ajudar-nos uns aos outros era a nossa única possibilidade de sobrevivência. Não se passa em vão tantas vezes debaixo daquela cascata. He hasn't moved. Percebam-no e amem-no os que também não."

(d' As Folhas da Cinemateca sobre Nicholas Ray)

(Poucos, muito poucos, me deram ou vão dando tanto prazer na leitura. É isto, não pode ser muito mais que isto: "Obrigado.")

terça-feira, 19 de maio de 2009

"Henri olha fixamente para Margaret com um estranho brilho nos olhos. Ao longe ribombam os trovões. Douglas Sirk mexe-se silenciosamente no seu túmulo enquanto cada um deles dá um passo em direcção ao outro e caem na cama. Mais tarde, só a lua ilumina a cena".

Do guião de "I Hired a Contract Killer/Contratei um Assassino"

(Aki Kaurismäki, pág. 37, Edição Cinemateca Portuguesa)


(Balanço da feira do livro de Lisboa: um livro sobre o Aki Kaurismäki a três euros e picos; outro sobre o Iosseliani a sete e picos. "A História de Um Sonho", do Arthur Schnitzler, na Relógio D'Água, a dois e meio. O passeio do Moravia pela Índia, na Tinta-da-China, por uns dez euros. Isto não está para brincar, isto de não ter dinheiro é muito tramado. A miúda mais gira da feira mantém-se aquela de sardas na Relógio D'Água.)

The Natural

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Ser sportinguista, ser sócio desde que nasci - responsabilidade única e abusiva do senhor meu pai -, fez-me ter uma adolescência radical, quase trágica. Já o período pós-jejum-de-18-anos tornou-me, em parte, num tipo resignado, conformista e cansado. Não há pachorra alguma para sportinguistas, essa é que essa. Mas aqui gosta-se de Bettencourt, aqui gosta-se de Ribeiro Telles, aqui considera-se o trabalho de Paulo Bento quase quase miraculoso. (E esquecendo estas três figuras, no dito 'universo sportinguista' pouco sobra do meu agrado.) É demasiado fácil e óbvio votar nesta gente. Daqui se declara, portanto, o total apoio a este tipo e sua candidatura. Expressão imediata do pesadelo sportinguista será Bettencourt não ganhar à larga a 05 de Junho próximo. E disto não falo mais que é temática auto-suficiente para fazer acordar a minha úlcera.

*Mas quem se lembrou agora de aborrecer o Dias Ferreira? Entendam, é como vos digo, não há pachorra para gente assim, não há.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Rainwater Cassette Exchange EP

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1 Jun 2009 - Lux Fragil w/ Ariel Pink - Lisboa

É que se estou a fazer bem as contas, e eu tenho uma musculatura de pensamento muito interessante e digna, um dia antes temos o Jeff Tweedy no Coliseu.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Nantes



Proclamei não gostar de Beirut. Menti sem decoro.
O amigo Carlos - que hoje por hoje só pensa em Jorge Jesus - fez no outro dia anos e eu esqueci-me tanto. Aqui ficam os parabéns atrasados, nas pessoas de J. Jesus e J. Phoenix reunidos numa dita casa de Veneza, rodeados por gente que lhes é estranha em absoluto. Abraço.

*Sou um portento no photoshop, reconheçam-no; tenho, aliás, uma bestial piada desaproveitada a respeito dos tiques do Izmailov.

**E uma música:


Le Tigre, Deceptacon

segunda-feira, 11 de maio de 2009

New Dawn Fades

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ruben A. - começo a gostar muito deste homem

(...)

27.4.

Aquela telefonou-me hoje para irmos à praia. - Tem um corpo estupendo e cheio de tutânicas atracções. Não sei se vá, não me quero atraiçoar. E ainda para mais depois da chegada dela. Ela chegou ontem. Ainda não a vi.

2.5.

Esta tarde saí com Ela. Não consegui dizer-lhe nada - fui um pateta nervoso a contar coisas estúpidas e sem sentido. Pareci-me com um eléctrico.

3.5.

Que palerma que eu fui, hoje já lhe contava tudo. Não me liberto, tenho de aceitar a tragédia em vida.

6.5.

Esta faculdade que eu tenho de me sentir gelado de calor amedronta-me tanto como não poder atravessar o atlântico a pé.
- Ontem encontrei o outro... «Então daqui a tempos Ela casa-se! Quem não se casa sei eu. Não está tempo para essas coisas. Tens ido a desafios? - No domingo houve um encontro magnífico. Tu estás mais magro! Vê lá se te apaixonas outra vez. Realmente tu desde muito pequeno que sempre te apaixonaste por Ela. Deixa lá mulheres há muitas» -.

7.5.

As nódoas negras que sinto na cabeça parecem gaivotas à procura de petinga. O mundo a simplificar-se só me dá atrasos de visão. Não sei o que fazer - é tudo tão absurdo. Estou dominado pelas sensações mais estranhas. Sinto-me Ele! É horrível sentir-me assim. A luta entre mim e Ele é tremenda. Já não há cartas que se declarem nem quejandices.

10.5.

Aquela telefonou-me. Há qualquer coisa de positivo entre nós dois.

(...)

(Caranguejo, Assírio & Alvim, 1988)

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«I always contradict myself»

Richard Burton em Bitter Victory, de Nicholas Ray.