quinta-feira, 10 de julho de 2014

o ídolo do meu velho



"Di Stéfano

O campo inteiro cabia nas suas chuteiras. O terreno de jogo nascia dos seus pés, e crescia a partir deles. De baliza a baliza, Alfredo Di Stéfano corria e percorria o campo: com a bola, mudando de posição, mudando de ritmo, do trote desgastante ao ciclone imparável; sem a bola, desmarcando-se em direcção aos espaços vazios, em busca de ar quando o jogo se atolava.
Nunca estava quieto. Homem de cabeça altiva, via todo o campo e cruzava-o a galope, abrindo brechas para lançar o assalto. Estava no princípio, no meio e no fim das jogadas de golo, e fazia golos de todas as cores:

Socorro, socorro, aí vem a flecha
com propulsão a jacto


À saída do estádio, a multidão levava-o em ombros.
Di Stéfano foi o motor das três equipas que maravilharam o mundo nos anos quarenta e cinquenta: River Plate, onde substituiu Pedernera; Millionarios de Bogotá, onde, junto a Pedernera, deslumbrou; e o Real Madrid, onde foi o maior goleador de Espanha durante cinco anos seguidos. Em 1991, quando já há muitos anos se retirara, a revista France Football concedeu o título de melhor futebolista europeu de todos os tempos a este jogador nascido em Buenos Aires."

[Eduardo Galeano, Futebol: sol e sombra]

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«I always contradict myself»

Richard Burton em Bitter Victory, de Nicholas Ray.