quinta-feira, 21 de maio de 2009
João Bénard da Costa
"
(...)
Há mais de cinquenta anos, JOHNNY GUITAR chegou a Portugal em Janeiro de 1955 e o seu culto só começou nos finais dos anos 50. Os textos citados são de 1959. Mas assim se escrevia no anos 50, no tempo de JOHNNY GUITAR, nos tempos em que Belmondo louvava a baby-sitter que tinha ido ver o filme: "Il faut qu'elle se cultive". Hoje, como se escreve? O que se aprende? Aprende-se, por exemplo, que, quando Sterling Hayden pergunta a Joan Crawford "How many men have you forgotten?", Crawford não lhe responde com outra pergunta "How many women do you remember?" mas lhe pega na palavra e diz "As many as you remember". Ou será: "As many as you. Remember?".
(...)
"Só recordam aqueles que confidenciam, a recordação é uma arte que arranca da solidão e do silêncio", escrevi há quarenta e muitos anos, sem ainda saber ler nem escrever. Hoje, que tinha obrigação de saber mais, só posso repetir que esta arte recordatória, este filme mítico, este filme-mito (tão, tão diferente da memória) arranca também daí: da solidão e do silêncio.
Trinta anos depois, ou quase - também - Nicholas Ray destruído, cego dum olho, com o cabelo todo branco, tão e tão magro, veio dizer-nos (We Can't Go Home Again) que ajudar-nos uns aos outros era a nossa única possibilidade de sobrevivência. Não se passa em vão tantas vezes debaixo daquela cascata. He hasn't moved. Percebam-no e amem-no os que também não."
(d' As Folhas da Cinemateca sobre Nicholas Ray)
(Poucos, muito poucos, me deram ou vão dando tanto prazer na leitura. É isto, não pode ser muito mais que isto: "Obrigado.")
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«I always contradict myself»
Richard Burton em Bitter Victory, de Nicholas Ray.