terça-feira, 27 de maio de 2008

Pollack

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O F., meu bom amigo, faz questão de me avisar de toda e qualquer morte que ocorra no mundo do cinema. Mensagem curta: "O Pollack morreu". Cá acho que o F. deve ter uma ligação directa com uma agência noticiosa de obituários especializada. Lembrei-me de seguida de um antigo professor de faculdade. O homem via em Pollack a perfeição: "Não tem um único filme mau", disse-me num intervalo de uma aula (por entre um café para despertar e escárnio ilimitado ao Oliver Stone). Sou desconfiado e ri-me por dentro e franzi-lhe o olho; soou-me a exagero da pior espécie e recordei "África Minha", o mais célebre de toda a obra de Pollack, mas filme que não tenho em grande conta (mi madre jamais aprovaria o conteúdo desta minha última mensagem). Passaram-se três ou quatro anos e palavra que nem hoje sei que pensar sobre a dita frase do meu ex-professor - falta-me ver um número considerável dos seus filmes para certezas dessa ordem. Sei disto: cresceu o interesse por Pollack e aprendi a respeitá-lo (o que é dizer muito). Em especial por três filmes: reservo a mais alta das minhas estimas para "Jeremiah Johnson" (não sei o título em português de cor, já soube); e num patamar abaixo desse (mas alto o suficiente) coloco "The Yakuza" e "Three Days of the Condor" - este último visto noutra aula por intermédio de outro professor. Guardo estes três em vhs. "Jeremiah Johnson" (72) entre "McCabe & Mrs. Miller" (71) de Altman e o "Dead Man" (95) de Jim Jarmusch - faz-me todo o sentido, como se trilogia aquilo fosse. O resto da filmografia como realizador é apreciável (o F diz "muito competente" e assim), ainda que sem rasgos de maior - estou a pensar em "Tootsie", "Sabrina", "The Firm", "Havana", "Absence of Malice" e "The Interpreter", os que vi. E depois há aquela sua faceta de actor secundário que sempre apreciei e onde Pollack se safava com uma elegância desarmante. Sublinho só a última frase deste texto do Ricardo que dá muita vontade de copiar na íntegra: "Era um tipo com imensa pinta. So long, yakuza!"

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«I always contradict myself»

Richard Burton em Bitter Victory, de Nicholas Ray.