Com os diabos, fui a Itália, caí de uma maneira patética na neve e fracturei a tacícula radial. Que idiotice impensável. Seja o que for a dita tacícula, garanto que ando aqui que nem posso a sofrer. Em imundo sofrimento. É tudo muito espinhoso com o meu braço esquerdo agarrado ao gesso. Lido tão e tão mal com a dor, estou capaz de choramingar e suplicar por analgésicos. E passear por Veneza engessado?, que pinta, que aberração; calhou ser Carnaval. Mantenho-me um tipo mui influenciável: agora reparo no Joaquin Phoenix e quero desmesuradamente uma barba igual. Dêem-me assim mais um mês ou isso que chego lá; não há cá barba feita, essa é que é essa, enquanto o braço esquerdo não voltar a cooperar por inteiro com o dono. Pensemos ainda no amigo Joaquin por mais dez segundos: uma pessoa deve sempre por sempre respeitar a escuridão da alma alheia. Estou muito grato às duas pessoas do 'Centro Traumatologico di Courmayeur', mas, lá está, mais grato estaria se me enviassem de vez a radiografia que por lá esqueci.
* não é fácil livrar-me de coisas supérfluas: não posso ver nada, agora quero uns óculos iguais.
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