quarta-feira, 11 de março de 2009

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O volume 13 faz uma rima catita com o amigo Chamberlain. Sai a meados de Julho e é o último. Eu não leio 'comics', que fique escrito. '100 Bullets', de um tal Azzarello (não sei quem é, não me interessa, não é bom saber que gente é esta, digo-vos eu), é, vá, dogma nisto: 'outra qualquer coisa'. Palavra, isso que fique bem entendidinho por todos: eu não leio 'comics', pelo amor de Deus; eu releio Turguéniev. E a Nina Berberova, é o que eu leio, Turguéniev e Berberova. Enfim, eu tenho uma imensidão de defeitos de carácter. Não levem a mal tamanha tacanhez, não é caso. Nunca fui íntimo do mundo dos 'comics' e sofro ainda de criminoso preconceito. O meu super-herói era o Paulinho Cascavel, figura suprema da minha infância. Ele e o cabelo do Bozinovski. Eu nem no 'Tintin no Congo' devo ter posto a vista em cima. Li certa vez uma coisa muito acima do decente do Joe Sacco sobre a Palestina (e tenho outra dele por ler); li o 'Watchmen' de um sopro (sem me hipnotizar). Compreendam-me: cínico e presumido que sou, trocei sempre que me fartei de amigos cegos de espírito por 'comics' – ora essa, claro que trocei – 'I always contradict myself.' Que dilema moral inaudito: amar Turguéniev, andar seduzido à barda por '100 Bullets'; o perspicaz jovem russo Bazárov lado a lado com Cole Burns (pesquisem, distraiam-se) será delito num mundo perfeito. A verdade é que isto transpira ao universo Tarantino por todo o santo lado (e Elmore Leonard e Ellroy e toda essa gente amiga). A verdade é que fiquei aferrado a isto nos últimos dias de detenção forçada por casa à conta da tacícula. Vou para o quarto volume; como isto sairá caro e mais caro; preferia nunca ter pegado num que por aqui tinha há ano e tal emprestado. Deus me livre de me depravar noutra destas! Eu releio Turguéniev, pelo amor de Deus, isto não está nada certo. E as considerações do Samir Kassir, um tipo singularmente bonito. E a Havana do Cabrera Infante, é isto que eu leio, a narração ponto por ponto de uma masturbação ao Cabrera Infante numa sala de cinema ‘habanera’. E o William Gaddis? Não há pai para o William Gaddis, um fulano que não entendo nada de nada, que me tiraniza linha por linha (e passo já a palavra ao Jonathan Franzen a respeito do 'The Recognitions' ("Gaddis's 956-page first-novel"): "There were quotations in Latin, Spanish, Hungarian, and six other languages to be rappelled across. Blizzards of obscure references swirled around sheer cliffs of erudition, precipitous discourses on alchemy and Flemish painting, Mithraism and early-Christian theology." E as capas da colecção? E o Pacheco Pereira que vê ‘Deadwood’? E Ratatat? (Vídeo de inquietante hilaridade e música enjoativa; Ratatat faz, ainda assim, as delícias de determinada casa em Veneza inundada por estudantes de arquitectura.) E Marrocos com os outros dois do InterRail? E deportar o Miguel Veloso para a Crimeia? E a Cristiane Cardoso (via Provas de Contacto)? (Zero em cinco, bravo.) E o Eastwood que estreia já amanhã? E o James Gray que nunca mais estreia? E o Guilherme Aguiar também partiu o braço? E qual é o problema do Silvio Cervan? Já tirei o gesso, já me visto sozinho.

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«I always contradict myself»

Richard Burton em Bitter Victory, de Nicholas Ray.