sexta-feira, 20 de março de 2009

"Sim. O estilo abrange tudo. Qualquer um pode fazer planos extravagantes. Há quem julgue que o estilo consiste em mexer a câmara sem parar. Isso é muito comum. Vi um filme, uma noite destas. O realizador não sabia parecer o que estava a fazer: havia planos fixos, outros que não paravam quietos. Perguntei-me o que levaria este realizador a chamar a atenção para ele, quando havia dois bons actores. Era neles que se devia concentrar. A mesma coisa com uma paisagem: se é boa, é suficiente. Tomemos o filme de John Ford, MY DARLING CLEMENTINE [A PAIXÃO DOS FORTES, 1946]. Estou a pensar no plano de Henry Fonda, sentado na varanda, os pés no parapeito. É um plano bastante largo, que dura e que conta imensas coisas. Há um milhão de histórias, neste plano. Hoje, fariam um zoom sobre o rosto da personagem, antes de andar à volta dele com a "dolly" até apanhar o outro perfil, antes de fechar sobre o rosto muito depressa. Perder-se-ia muito tempo, quando basta um único belo plano. É preciso ter a coragem de fazer durar um plano sem mexer a câmara."


(Clint Eastwood, às tantas, numa entrevista com Nicolas Saada e Serge Toubiana - "Clint Eastwood: Um Homem com Passado", Edição Cinemateca)

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«I always contradict myself»

Richard Burton em Bitter Victory, de Nicholas Ray.