quarta-feira, 23 de abril de 2008

quase quase dez por cento...

foi esta a margem da vitória de Hillary Clinton (54,7 contra 45,3). Um resultado que excede os meus palpites (que andavam algures pelos seis ou sete ou oito por cento à maior para a senadora de Nova Iorque), um resultado que lhe dá mais um balão de oxigénio - leia-se, que lhe permite angariar mais dinheiro para que o seu favoritismo no Indiana não se esbata. Indiana é o estado "must win" que se lhe segue (a Carolina do Norte aparenta estar perdida). Hillary sai da Pensilvânia com 10 a 15 delegados a mais do que Obama, número ainda incerto, mas número que pouco a ajuda, e há quem avance com a tese de que a vitória de ontem pode até causar um efeito contraproducente para a sua campanha:

Could Obama's defeat last night actually speed up the process of superdelegates declaring themselves in favor of Obama? Maybe. Here's the logic.



E há quem encare a derrota de Obama como um rude golpe para a sua elegibilidade ("The Next McGovern?", um artigo pateta de um tipo muito inteligente). E há quem note que apesar da luta fratricida dos candidatos democratas, ambos continuam bem colocados para a eleição de Novembro. E o editorial do NYT - jornal que, lembro, apoiou Hillary Clinton - arrasa a ex-primeira-dama. E há um tipo na blogosfera americana que se chama Thoreau. Fui à Bertrand perguntar pela LER. A simpática rapariga disse que até ma dava, sim senhor, mas tinha de comprar um livro. Um qualquer. Perguntei-lhe pelo "Lavagante". Trouxe-o. Fiquei feliz com o negócio, pareceu-me bom. Fui direitinho à lista dos "50 autores mais influentes dos século XX". Encontrei o F. Scott Fitzgerald, nome óbvio, natural, e fico descansado quanto à lista. E de seguida o bom do Salinger. Fico sempre menos enfadado da vida quando encontro o nome do Salinger numa lista; sempre. Ao mesmo tempo acho que daqui a uns anos vou gostar menos dele; que um tipo com a idade o vai esquecendo. Talvez não, talvez não, espero que não. O Faulkner era um tipo espirituoso como tudo, a fotografia não mente. Eu cá metia lá o Walser à força, que se dane se foi muito ou pouco ou nada influente. E o Lowry. E o Bioy Casares, caramba. Gosto muito muito muito de o ler, cada vez mais; um escritor bonito:

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«I always contradict myself»

Richard Burton em Bitter Victory, de Nicholas Ray.