HEMINGWAY, AGAIN
/210/
Estou a reler pequenas histórias, de Hemingway. Em algumas, sente-se que o desencanto aprofunda ainda mais a sua simpatia humana, e que para isso não há consolo.
(página 132)
PARA ERNEST
/14/
Hemingway não é só um narrador ímpar, isolado: a mim segredou-me sempre que se cada um de nós soubesse reconhecer no adversário (ainda que ele fosse tão irredutível como um peixe ou um fascista espanhol) a dignidade e a coragem, quando as tem, não haveria vencedores nem vencidos e, talvez - quem sabe? - A sombra do fracasso jamais toldasse a existência humana.
(página 202)
SUICIDADOS
/133/
Passei o dia dos meus anos a pensar em dois episódios da vida de Ernest Hemingway.
A mãe escreveu-lhe um dia, admoestando-o, porque lhe constava que os livros que ele escrevera eram indecorosos, envergonhavam a família. Os livros, "Fiesta" e "Adeus às Armas", são hoje considerados dois clássicos da Literatura Mundial.
Não li a resposta de Ernest à mãe, mas tenho a certeza de que seria compreensiva e muito afectuosa.
O pai, que era médico, suicidou-se porque não tinha dinheiro para pagar uma dívida, nesse tempo eles tinham outro código de honta, como sabes. No dia em que o velhote fez aquilo, já estava na secretária dele, entre outra correspondência, uma carta de Ernest Hemingway, contendo um envelope para ele cobrir essa dívida. Mas o pai não abriu a correspondência... em vez disso, pegou logo no revólver: estava insone.
Como vês há outros pais e filhos. Que sofreram mais do que somos capazes de imaginar.
Contaram-me, num bar, que uma rapariga de 22 anos acabava de atirar-se para debaixo de um comboio. Pensei nas pessoas "importantes" que via passar às janelas das carruagens. Foram essas que a suicidaram. Pobre-diabo!
(página 214)
("Albas", Sebastião Alba, Quasi)
(nota: se "Fiesta" é sem esforço um dos livros da minha videca, o meu Hemingway é este livro de contos, "Men Without Women".)
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