terça-feira, 22 de abril de 2008

Quaker State

Um "princípio de bronquite" é aborrecido à brava, mas enfim, descobri agora que a Sextante editou há uma porrada de tempo o "Falconer" do John Cheever. A Hillary Clinton ganhará a Pensilvânia (188 delegados), sexto maior estado americano em termos populacionais. Nisso não há qualquer surpresa, é um estado demograficamente à medida da senadora de Nova Iorque. Se ganhar por dez é uma vitória decente - ainda que provavelmente insuficiente para abalar a aparente sólida vantagem de Barack Obama. Se ganhar por cinco ou seis ou sete (como eu palpito) é uma vitória para o ego da sua campanha. Por menos disto nem vitória é, mas a ex-primeira-dama continuará sempre na corrida, vença por um por cento ou dez ou vinte. Em Maio há mais e a conversa será a mesma. Desconte-se Guam (9 delegados, dia 3 que aí vem), dia 6 de Maio é certinho que Obama ganhará a Carolina do Norte (134 delegados, o último dos grandes estados em jogo - isto se a trapalhada na Florida e Michigan ficar como está), e as expectativas são de que o faça de forma bem convincente. No mesmo dia outro estado em jogo: Indiana (84 delegados), Hillary é clara favorita pelas mesmíssimas razões demográficas das de hoje; conta com apoios importantes - como o do senador Evan Bayh, forte candidato a vice de Hillary -, mas as últimas sondagens mostram Obama a sair-se melhor do que o esperado. Indiana é o estado que me parece mais decisivo daqui até ao fim das primárias democratas (em Junho): ganhe Obama a Carolina do Norte e Indiana no mesmo dia e a candidatura de Hillary Clinton esvazia-se de sentido, irreversível. Obama tem na teoria mais hipóteses de vencer no Indiana do que vencer hoje na Pensilvânia - dizem-no as sondagens e não esquecer que é estado vizinho do Illinois -, mas repito a ideia: Hillary mantém-se como favorita no Hoosier State.

Filadélfia é a cidade chave para hoje. Se a taxa de afluência for aqui elevada, Obama é favorecido - dá-se melhor que Hillary nos grandes centros urbanos; se não, maior será a vitória de Hillary. Outro dado que pode atenuar a vantagem de Clinton hoje: o apoio do senador da Pensilvânia Bob Casey a Obama. Até já.

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«I always contradict myself»

Richard Burton em Bitter Victory, de Nicholas Ray.